Localização
de redes de agências bancárias; farmácias;
postos de gasolina; franchises e shopping centers: existe
algo em comum?
A localização de agências bancárias;
de farmácias; de postos de gasolina; de lojas
em regime de franchise; de shopping centers; de lojas
comerciais nestes últimos e de postos comerciais
de uma mesma empresa ou bandeira, possui algo ou fatores
em comum?
A localização e a determinação
de endereço para lojas de artigos de telecomunicações,
como telefones, telefones celulares e sistemas wireless,
tem algo em comum com as formas de se determinar uma
localização para as lojas da questão
anterior?
Existem lojistas de um mesmo tipo de artigo, que se
concentram numa mesma área, para gerar uma atração
extra, pelo poder de polarização que exercem
em conjunto. Isto acontece com lojistas de móveis
e da mesma forma com os lojistas de roupas e confecções
numa rua especializada no ramo, ou num shopping Center.
Isto os torna mais fortes e significa que embora concorrendo,
estejam no conjunto faturando mais, logo lucrando mais?
Esta questão, afeita ao debate e à análise
de geomarketing, de geomercado, de localização
e distribuição de pontos de venda, vem
“quebrando a cabeça” dos melhores
marketeiros e dos especialistas de administração
e dotação de recursos.
A rigor, este assunto é complexo. Ele não
lida apenas como seria para crer com uma questão
tópica, pontual e de localização
num local, in situ. Ele versa sobre a complexidade à
qual são submetidas aquelas empresas que crescem,
se expandem, fazem fusões e aquisições,
compram as redes de lojas dos concorrentes, buscam escalas
pela unificação de redes de lojas de varejo,
com vistas a buscar o acesso de seus clientes a inúmeros
espaços geográficos / territoriais, e
que precisam otimizar a localização de
seu varejo ou atacado, que é caro pelo aluguel
ou compra de imóveis, e pela redundância
em se alocar algo que outra loja ou ponto de vendas
já cobre.
Deste modo, o tema localização espacial
inclui e abarca questões de logística,
de pesquisa operacional, de distribuição,
de georeferenciamento, de geopotencial, de mercado,
e outras, o que mostra a complexidade do tema.
De fato, a localização de agências
de bancos, de lojas de financeiras e de lojas para a
venda de telefones de empresas de telecomunicações
exige um saber e um cruzamento de conhecimentos múltiplos
e sobrepostos, que em sua dinâmica espacial e
territorial sejam dinâmicos.
E esta dinâmica está associada à
previsão do futuro. O que sucederá com
a demanda agregada por um bem? Num país em geral?
E numa macro-região? E num Estado da Federação?
E numa região de um Estado? E num município
específico: E nas zonas administrativas em que
se decompõe este município? E nas sub-regiões
municipais? E nos setores censitários?
Este ato, de “fazer o zoom”, de chegar ao
ponto, de fazer a análise e o estudo da microlocalização,
é atualmente o cerne de muitos estudos de localização.
Aparece então aí uma verdadeira análise
de nano-localização.
O que se visa em localização comercial
é se um local, um ponto de vendas, é ou
não viável do ponto de vista econômi8co
e financeiro. Isto é, é preciso antecipar
se o fluxo estimado dos rendimentos e Lucros futuros,
ao valor atual, vai ou não render e sobrepujar
a estrutura de custos e de investimentos do local. Quanto
maior for a estimativa de retornos, de ganhos, de lucros
ao valor atual, tanto maior será a vontade e
a aceitação de se investir no projeto
de localização estudado.
Por esta via analítica, pode o leitor precisar
a importância da matemática financeira
e dos cálculos de avaliação de
ativos, numa decisão desta natureza locacional
e espacial. Se um investimento e seu fluxo de custos
futuros forem superados pelo fluxo futuro previsto ao
valor atual pelos retornos (uma vez consideradas as
receitas), e quanto mais os custos forem superados,
maior será a vontade de se investir nessa localidade.
Desta forma, a localização é associada
não apenas a uma concentração de
clientes potenciais; a vias expressas que dão
acesso a um local; a facilidades que o setor público
pode oferecer como subsídios, anistias, perdões
fiscais, direitos de exploração temporária
exclusiva de um espaço, concessões e afins.
Ela se associa também ao estudo econômico
e financeiro dos resultados líquidos dos fluxos
de caixa gerados por um ponto.
Pode haver muita movimentação, agitação
e passagem numa área de pedestres, na frente
de uma loja. Nem por isso, necessariamente, os transeuntes
entrarão nela e comprarão os produtos
expostos na vitrine.
É preciso ter mais que uma bela vitrine, um bom
preço, um produto bonito e de bom gosto, para
encantar clientes e fazê-los comprar mercadorias
e serviços.
É preciso entender a realidade
do poder aquisitivo dos compristas, quando a ótica
é de pessoa física. E também é
preciso ver a saúde econômica financeira,
os hábitos, os padrões, os gostos e as
preferências dos clientes, sejam eles da pessoa
física ou da pessoa jurídica, quando se
quer conquistar posição de marcado. Este
é conhecido também como market share.
Ou taxa de participação no mercado.
Pode ser a taxa de participação no mercado
em vendas. Ou a taxa de participação no
mercado do patrimônio formado. Ou a taxa de participação
do número de clientes conquistados e em carteira,
sobre o potencial de consumidores que estão na
região analisada. Isto depende do foco, do interesse
do analista e do estrategista em localização
e distribuição de recursos da organização
varejista.
Seja como for, fica claro que há muito trabalho
a fazer, para que a boa, a correta, a conveniente, a
duradoura localização seja bem estabelecida.
Apressar esta decisão e estudá-la pouco
é o caminho certo para o desastre, para a perda
de capital e potencialmente para a quebra.
Errar de cidade, de rua, de perfil sócio-econômico
em localização para o varejo, é
o mesmo que não fazer negócio e queimar,
perder, capital.
Por estas razões, a compreensão de uma
realidade espacial, georeferenciada, de geomercado,
de mercado de consumidor real e em processo de mobilização
e migração =- logo movimento e alteração
– é imprescindível para quem quer
ter sucesso em vendas; em atendimento; em conquista
de mercado; em suprimento de valores sociais; em atendimento
a demandas da comunidade; em ser útil de fato
a um país.
A junção dos elementos anteriores faz
com que se perceba que em localização
comercial, industrial, de varejo e atacado, são
múltiplas as fontes de informação
de que se precisa.
Nossa meta neste artigo dispensa uma lista que esgota
tão vasto tema. Pode-se elencar ao menos um conjunto
de temas e dados que podem ajudar a iniciar e dar as
bases do bom estudo de localização. Entre
eles, que passam a fazer parte de um banco de dados
específico, de caráter preferencialmente
estatístico, que dá a origem a uma Tecnologia
da Informação ampla, podem fazer parte
os seguintes assuntos:
• Estrutura de Tecnologia da Informação;
• Bases de dados e de informações
de sustentação da Tecnologia da Informação;
• Dados sociais; demográficos; econômicos;
financeiros; infra-estruturais; bancários; de
serviços e afins, relacionados ao projeto específico;
• Mapas eletrônicos, que propiciem o georeferenciamento;
• Cartografia clássica e eletrônica,
associada a setores censitários, que mostre a
micro concentração de dados relevantes
de um sistema de localização de pontos
de varejo;
• Definição das zonas de fronteira
dos setores censitários; das zonas administrativas;
das regiões administrativas e de outras formas
de delimitação geoespacial, geopolítica,
geomorfológica, geopedológica; e geoeconômica
e afins;
• Dados das fontes que mostram e indicam consumo,
uso, aproveitamento, compra, logo formas de formação
de fluxos de geração de receitas, de vendas.
Bancos apreciam levantar dados de crédito; crédito
concedido à pessoa física; crédito
à pessoa jurídica; crédito de pequeno
porte ou de grande porte, logo com cortes; empréstimos,
financiamentos e repasses. E naturalmente associam estes
dados a grau de inadimplência, de iliquidez, de
insolvência e afins. Porque se trata de ver o
que se tem como valor a faturar, mas também o
que se tem a perder, dados os riscos de um negócio;
• Políticas de Distribuição
existentes e desejadas;
• Políticas de Investimento em pontos de
acesso e meios tanto físicos, quanto virtuais,
desejados e existentes;
• Dados dos efeitos de substituição
existentes entre pontos e locais físicos (que
possuem metragem; custo ou preço de aluguel;
gente instalada e similares) em face de pontos que se
concentram no atendimento eletrônico, telefônico,
virtual, de longa distância. Este atendimento
virtual cresce cada vez mais. E se barateia com o tempo
e com a escala. Donde, conhecer o efeito substituição
entre pontos de vendas físicos e pontos de vendas
virtuais é fundamental.
Bibliografia
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