Ano 3 - N°9 - Volume 9 - 2.010.

Revista Científica e Tecnológica, RCT .

IBCI – Institutional Business Consultoria Internacional.

HIGH IMPACT TECHNOLOGY – HIT

A RCT, da IBCI, é uma edição eletrônica mensal, que apresenta sínteses de pesquisas, levantamentos e consultorias empresariais realizadas pela empresa junto aos seus clientes e ao universo empresarial.
Esta é uma forma de compartilhar conhecimentos e de oferecer resultados afeitos aos serviços realizados. O saber e o conhecimento correspondem a um patrimônio precioso, cuja disseminação reforça as metas de produtividade, qualificação e desenvolvimento organizacional.
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PROCESSO DE SELEÇÃO E ESCOLHA DE PESSOAL__

O processo de Seleção e Escolha de Pessoal para preenchimento de vagas nas empresas é um dos principais centros de atenção dos executivos e líderes organizacionais.
Por não se tratar de uma Ciência exata, mais bem tende a uma Arte de Saber escolher.
A Seleção inclui diversas dimensões pessoais, a serem claramente estabelecidas, que permitam verificar se uma pessoa possui de fato as qualificações e as características adequadas para preencher um cargo e conviver em comunidade, dentro de um ambiente empresarial.

E quando aparecem os candidatos, não se sabe exatamente quem vem e se apresenta; quais cargas pessoais, culturais, técnicas, neurais, psicológicas, sociais profissionais e outras traz consigo; o que mostra e sabe apresentar e o que não mostra porque esconde ou nem sabe apresentar e isto torna a seleção e escolha algo de sumamente difícil.

Em função de sua complexidade, o processo de Seleção e Escolha de profissionais para as empresas criou e gerou em torno de si todo um aparato, toda uma indústria, capitaneada pelos profissionais de Recursos Humanos, pelas empresas de Recrutamento e Seleção de Pessoal e por órgãos especializados em concursos públicos e privados destinados à escolha de pessoas que ingressarão nas empresas.

Munidas de ferramentas tão diversas quanto testes psicológicos; dinâmicas de grupo; testes de solidez de conhecimento e de caráter; atendimento a perfis profissiográficos; montagem e análise de currículos; seminários de imersão e testes de conhecimento; avaliação dos que melhor convivem em regime de tensão ou ambientes específicos, essas empresas querem vender a solução aparente para este problema e desafio.

Contudo, por ser inexata, a metodologia das entrevistas, das provas e das dinâmicas sempre deixa um espaço para o escapismo, a imperfeição e a capacidade de enganar o outro. Quem tem um excelente currículo, pode montá-lo à luz do interesse de uma empresa na qual ambiciona trabalhar e obter o desejado emprego, escondendo verdades de seu perfil, que só aparecem mais adiante. E isto pode acontecer em qualquer nível hierárquico, faixa etária, gênero, capacitação e pessoa.

Portanto, o Recrutamento, a Seleção e a Escolha final de pessoal possui duas dimensões que correm simultaneamente: a dimensão reconhecível, que se pode saber, que se baseia e pauta em provas e evidências e a dimensão subterrânea, que é desconhecida, às vezes escondida pelos candidatos e pode pôr a perder um processo penoso e longo de seleção, por inteiro.

Neste sentido, o que fazer? Qual é a melhor das seleções de pessoal? Existe como se reduzir ou minimizar o risco das escolhas erradas? Como acertar o máximo e evitar a volta das seleções, embora possa nas médias e grandes empresas perdurar o processo de recrutamento, pois as pessoas se movem, se afastam, adoecem, casam, mudam de cidade, deixam de se motivar pelo trabalho e muitos outros fatores justificam a continuidade dos gestores de recrutamento, seleção e escolha de pessoal.

Não há uma solução mágica nem uma poção que dê a resposta ideal. É possível contudo apontar objetivamente fatores determinantes de escolhas que apresentam maior probabilidade de acerto ao recrutar pessoal.
Em síntese, são dez fatores determinantes em seu conjunto, associados uns aos outros e montados como um sistema lógico e integrado de recrutamento e seleção, os seguintes, sem que se venha a esgotar ou concluir o assunto:

1) O comportamento do indivíduo ao longo de sua vida e as evidências, as provas que ele fornece a respeito, disponíveis em seu currículo. Se ele estudou, como, quanto e até que nível; a grade de notas e conceitos escolares e universitários; os cursos de nível superior e de especialização. Se ele ascendeu nas hierarquias. Se ele soube manter-se por um período de tempo razoável, cinco anos ou mais, numa ou várias empresas de bom porte e fatores afins;

2) O comportamento do indivíduo ao longo do processo de seleção. Um encontro apenas é insuficiente para determinar se alguém está apto a assumir ou não um cargo profissional. Quanto mais alto o nível hierárquico, mais testes, dinâmicas, provas, debates e encontros com os colaboradores da empresa merecem ser feitos e estabelecidos. A calma, a serenidade, o domínio dos assuntos, a coerência, o saber pensar com respostas assentadas, o saber entender o conteúdo de mensagens e documentos, o respeito aos outros, são fundamentais para contar com futuros colaboradores de bom nível;

3) O background e o nível educacional. Quanto mais alta a formação, nos melhores colégios, universidades e centros de ensino, tanto maior é a possibilidade de um candidato possuir nível e ter a coerência pessoal que se busca em bons candidatos. Quem não completa estudos, não estuda em boas unidades de ensino ou não valoriza o ensino superior pode salientar problemas pessoais, inclusive de incapacidade de aprendizado e de retenção de conhecimento, além de dificuldades outras, como financeiras;

4) As respostas aos diversos testes e provas também são fundamentais. Quem mostra um bom português; escreve dissertações corretas; sabe matemática e lógica; responde com altos índices de acerto temas de sua profissão e outros genéricos, que o contextuam bem no mundo moderno, mostra-se potencialmente mais adequado para preencher vagas e assumir responsabilidades;

5) A manifestação de vontade, de motivação, de querer assumir uma responsabilidade é sinal de ambição e pode servir à empresa, sendo saudável. Obviamente, sinalizar ser excessivamente, desmedidamente forte a ambição, pode relevar traços indesejáveis nas pessoas. Isto implica em dispor de atenção redobrada quando os cargos envolvem chefia; controle de dinheiro, verbas, orçamentos e fluxos, logo cargos de confiança;

6) O lado comunicativo das pessoas é fundamental. Quem se fecha, inibe e isola, não emite os sinais da comunicação interpessoal e em nossos dias isto pode ser preocupante. Na Era da Comunicação, as pessoas abertas, comunicativas, que interagem com todas as outras e sabem circular em todos os ambientes, são as mais apreciadas. Não que não haja profissões que requerem silêncio, pouca ou pequena comunicação e se funcione bem nelas;

7) O comportamento externo à empresa, a vida pregressa das pessoas, também é um fator determinante. Em certas profissões e cargos, é de bom senso levantar informações públicas e abertas, como relações do candidato com partidos políticos; situação junto ao Fisco, pelos dados do CPF; dívidas existentes junto a administradoras de cartões de crédito, bancos, financeiras; os protestos de títulos na praça são fundamentais, a lisura da ficha SERASA também; os registros na Delegacia de Polícia; os depoimentos de ex-chefes e colegas de trabalho também;

8) A capacidade de demonstrar que se leva uma vida regrada, sem maiores desvios de conduta, é determinante na escolha de bons profissionais. Especialmente, pessoas que abusam de festas pouco tradicionais; bebem abusivamente; se drogam e induzem outros a consumirem psicotrópicos; abusam à força de terceiros; tornam pública sua forma abusada e explícita de se comportar; possuem taras; não possuem limites em seu exibicionismo e afins, são pouco recomendáveis;

9) Os bons profissionais também atendem certas convenções sociais geralmente aceitas. Chegam ao trabalho e a compromissos na hora certa. Chegar atrasado é um desrespeito flagrante ao próximo e não indica nem poder, nem excesso de ocupações, mas sim não saber administrar-se. Na hora das entrevistas de seleção de pessoal, quem chega atrasado começa manchando seu currículo; e
10) A demonstração de ter atitudes e saber responder, para dar e apontar soluções adequadas, a favor de si mesmo, de um grupo, de uma empresa ou de um desafio que se coloca às pessoas.

O processo de seleção e recrutamento não há de se caracterizar também por um conjunto outro de elementos. Se eles acontecem, individualmente ou em seu conjunto, podem macular e gerar riscos crescentes às escolhas de pessoal. Neste sentido, destaque-se:

1) Ao recrutar e selecionar, montar um Plano de Contratação, que contenha as expectativas e os perfis desejados pela empresa, em relação a cada cargo, responsabilidade, perfil profissional, faixa salarial, planos de benefícios e afins. Isto é, não se faz recrutamento e seleção despreparado, desorganizado, apenas na base do sentimento (feeling);

2) Ao ir a mercado, divulgar com clareza o perfil do profissional procurado;

3) Ao selecionar entre os currículos recebidos, é importante seguir estritamente o que se programou e determinou e que foi publicado em jornal. Desviar-se do pretendido, do que se desenhou e descreveu pode gerar problemas de sobreposição de cargos, de escolhas erradas e isto desordena o perfil geral da equipe e do pessoal a contratar ou já contratado;

4) Receber currículos “de boa origem”, confiáveis, pode ser um bom caminho e uma solução correta no preenchimento de certos cargos. Sobretudo se o candidato possui os atributos e as características adequadas ao cargo. Isto contudo é diferente de currículos que apontam parentes e geram nepotismo. O nepotismo em si é condenável, posto que privilegia uma pessoa não pela sua competência, conhecimento, saber ou produtividade, mas pelo poder de alguém que, em hierarquia mais elevada, se aproveita de sua posição para impor, recomendar ou contratar um afiliado. Por outro lado, nem todo nepotismo é obrigatoriamente negativo, especialmente quando se atua em empresas de família, nas quais a sucessão familiar, a escolha das novas gerações de gestores, o processo de troca de guarda, por conta do fator patrimonial de família por definição pode implicar na escolha de parentes, afiliados e amigados;

5) No processo de seleção de pessoal, pode importar o conjunto de elementos que definem o profissional e seu potencial para um cargo. Em certas ocasiões surgem dilemas: o candidato foi e é ótimo em tudo ou quase tudo, mas possui um grave viés num quesito ou não atende um quesito. Surge o domínio da dúvida: o que é melhor: ser médio em tudo e passar em todos os quesitos, ou estar acima da média em quase tudo e com exceção de um par de itens, onde a fragilidade é evidente. Mostram as pesquisas que o desequilíbrio e a radicalidade são mais inconstantes e menos seguras que a média e a normalidade na curva de Gauss. A primeira opção, segunda as pesquisas, é mais acertada;

6) Não se contrata pelo preço. Pelo baixo custo. A aceitação de qualquer salário ou remuneração e a aceitação de taxas de desconto elevadas, acima de 10% no Brasil atual, são a demonstração da dificuldade de recolocação de um profissional na praça. E como diz o ditado popular, “barato sai caro”;

7) Não se contrata só, mediante um entrevistador apenas. Várias pessoas sentem, vêem, apreciam, ouvem, pensam e opinam melhor. O que um não vê ou percebe, outro pode sentir, ouvir, perceber. Portanto, é importante agir em contratações em equipe, em time. E este se encontra após a s reuniões e provas com os candidatos, para uma tomada de clima, uma troca de opiniões. Nessa hora, o coordenador e gestor de recrutamento e seleção podem receber,montar e mostrar relatórios que contenham a opinião de cada entrevistador, de cada participante do processo de seleção, para melhor encaminhar as decisões. Algumas são colegiadas e precisam ser feitas obrigatoriamente em nível de Presidência;

8) Existem em áreas delicadas da empresa certas exigências de ordem ética, moral e profissional. Bom exemplo disto são as áreas de auditoria, controladoria e contabilidade. Não se colocam amigos, parentes, colegas oriundos da mesma empresa, para uns controlarem os outros. Isto pode ser o abrir as portas a embaraçosas situações futuras de fraude, crime financeiro e contábil. O Financeiro não pode ser amigo do Controller nem chefiá-lo. Internamente, este se subjuga à Presidência. E esta há de atender a auditoria e a controladoria externa da empresa, que usualmente se subordinam a decisões do Conselho de Administração e do conselho Fiscal;

9) Também é importante avaliar no currículo e mediante as entrevistas dos candidatos se sua formação profissional se mostrou consistente, harmoniosa e crescente. Seria de se esperar uma ascensão e promoção hierárquica, com o amadurecimento, o envelhecimento e a aquisição de mais experiência. Permanecer no mesmo cargo por décadas é sinal de estagnação. Seria de se esperar a permanência em empresas líderes por bom número de anos e um índice de turn-over moderado no emprego. Assim, mesmo que no Brasil uma forma de melhorar na vida seja sair de uma empresa para outra, para galgar na hierarquia e ganhar mais, ficar por 1, 2 ou 3 anos nas empresas, apenas, é sinal de evidente inconstância e incapacidade de fixação nos cargos. Claro está, empresas podem falir, sair de uma cidade e então esta variável é questionada;

10) Avaliar a psique, a mentalidade dos candidatos, é também fundamental. Não se emprega pessoal sem conhecer seus aspectos psicológicos, comportamentais, ações e reações. E isto demanda profissionais experientes no ramo;

11) Outro fator importante é o de onde. Há empresas que ensinam e são verdadeiras escolas de qualidade e categoria. Há empresas que infelizmente são frágeis, vivem em crise e seu pessoal não é considerado referência de qualidade. Isto não quer dizer que não possa haver gente bem categorizada em todo lugar, em qualquer empresa. Mas é difícil. Empresas como as listadas em revistas especializadas “As 100 mais”, “As 100 melhores para se trabalhar”, “As líderes setoriais”, “As melhores e maiores” dão até certo ponto um selo de qualidade, uma referência a mais ao trabalhador.; e

12) Micro, pequenas e médias empresas podem ser um celeiro excelente de mão de obra. Nelas, as pessoas hão de tudo fazer e isto as torna potencialmente mais versáteis. Portanto, não se evita pessoal oriundo de pequenas organizações, posto que a mão de obra pode ter alta qualificação, ser bem produtiva, ser motivada para ascender a empresa maior e aceita eventualmente salários menores que as “estrelas” oriundas de grandes empresas.

Enfim, montar equipes e consolidar uma política de recrutamento e seleção de pessoal é um grande e importante desafio moderno em todas as empresas.

Constituir o plano; seguí-lo rigorosamente; efetuar as contratações previamente acertadas e ater-se a rigorosos padrões de determinação de um Plano de Cargos e Salários, com intenso treinamento de Pessoal, pode ser um bom caminho para gerar o sucesso na área de Recrutamento e Seleção de Pessoal.




Istvan Kasznar – Ph.D

Professor Titular NRD6 da Fundação Getúlio Vargas, na EBAPE – Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas;
Professor – Conferencista do IBMEC; PUC – Pontifícia Universidade Católica e UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
CEO da IBCI – Institutional Business Consultoria Internacional e da VFABN.
Conselheiro Econômico do Instituto Dannemann Siemsen da Propriedade Industrial – IDS.


istvan@fgv.br | istvan@ibci.com.br

I. B. C. I. - Institutional Business Consultoria Internacional Ltda

email: ibci@ibci.com.br


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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