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001 - IBCI - Inflação à brasileira - Continuação

Por Istvan Kasznar - PhD.  
istvan@ibci.com.br


    Os bancos, curiosamente pouco numerosos, talvez por conta do elevado risco Brasil, classificado como o maior do mundo em Dezembro de 2002 são beneficiários diretos desta incapacidade de se enquadrar o Estado. Leia-se, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, gastam demais e não se reestruturam a um molde menor, mais ágil, mais justo e mais consentâneo com a capacidade de pagar dos cidadãos brasileiros.

  A inanição das massas brasileiras e o sonho de virar funcionário público num país de desempregados impedem que se façam mudanças profundas, ousadas e revisadas periodicamente, no Estado brasileiro.

  Assim, os juros pagos a um punhado de sócios-capitalistas bancários, são uns prêmios à eficiência dos que sabem alocar seus recursos; aos que sabem manter o status-quo; e aos que no Estado, o giram e dele se apossaram.

  Os juros pagos à estrutura semi-improdutiva e mastodôntica são geradores de uma inflação de custos.

  E isto aumenta o custo-Brasil, repelindo os investimentos estrangeiros a este país de oportunidades não realizadas.
Mas, mesmo que ele se contenha, e não faça a Casa da Moeda emitir mais uns bilhões de reais, o Estado se vê obrigado a tampar seus buracos. Outra opção que lhe resta é a de criar novos impostos ou aumentar os já existentes. E esta elevação é geradora de mais inflação de custos.

  Em 1980, a taxa de juros real média no Brasil foi de 6,3%, ao passo que em 2002 ela alcançou 18,4% para os títulos públicos.

  Este custo do capital é proibitivo e inibe qualquer esforço agregado, maior, de desenvolvimento nacional.

  Restam sobras, estertores, esforços focalizados de investimento. A mídia sempre e com boa razão interessada em dar esperança à população e em reverter as expectativas mostra esses esforços tópicos com grande ruído, todavia, não dá para esconder: os investimentos fugiram do Brasil e escasseiam.

  Os empresários sabem fazer contas e ninguém investe quanto o fluxo de caixa dos projetos ao valor atual dá resultado e valores econômicos adicionados negativos... claro está, existem ótimos projetos potenciais e efetivos no Brasil. Contudo, o ambiente não é necessariamente hospitaleiro, posto que impostos altos, juros altos, burocracia pública, assaltos e roubos com insegurança e afins, tendem a se perpetuar.

  O Brasil precisa calcular e mensurar os prejuízos que obtém em função da desagregação sócio-econômica que se apossou de suas terras. E o esforço da revisão de um quadro supra-institucional carente e fragilizado por uma série de crises internas e internacionais apenas ocorrerá no longo prazo, se começarmos a trabalhar já na direção certa.

  Vale ressaltar que quanto à carga fiscal, ela só cresce no Brasil e a capacidade de arrecadação do Estado é fundamental. As novas tecnologias de informação, de sistemas e de computação permitem que se cruzem dados e levantam as atividades de todos os agentes econômicos.

  Assim, mesmo que num marasmo econômico impar, onde o governo gasta em custeio e tolhe no investimento, a carga tributária brasileira saltou de 24% em 1994, segundo o IBGE, para 34% em 2001 e 36% em 2002.

  Em compensação, a contrapartida é assaz duvidosa.

  Na certa, esta elevação desenfreada da carga fiscal alimenta a inflação. Quem pode repassar os custos fiscais a preços, para não perder margem de lucro, o faz.

  Ademais, com custos crescentes as exportações caem e as importações se elevam.

  Em função dos fatores anteriores, pode-se concluir que:

1) A inflação alta, maior que a média do G7 ( ou grupo dos sete), veio para ficar no Brasil. Ela é uma instituição duradoura;

2) A tecnocracia pública não tem necessariamente interesse em mudar sua inserção nas atividades públicas, seus cargos, logo a sua posição no país, confrontados com desempregos recordes no sistema privado. Logo, salvo as honrosas exceções de sempre, não moverá necessariamente uma palha para mudar seu status, o que envelhece as estruturas de governança e as torna cada vez mais caras, logo deficitárias e daí inflacionárias;


3) Sendo o Brasil um país de crédito caro e raro e de tributos recordes mundiais, não há como, em curto prazo, reduzir a inflação para, patamares de 1% a 3% ao ano. Ela oscilará em níveis de 8% a 25%, segundo o indicador que se escolha;

4) Enquanto se mantenha a sistemática de pagar juros pela dívida interna a um grupo de bancos pequeno, ser redefinir o tamanho do Estado para níveis associados à capacidade de contribuição dos brasileiros, sem elaborar um plano alternativo de investir esses recursos no setor real, o país estará na armadilha da recessão prolongada, do crescimento medíocre do PIB, da alta volatilidade cambial e da recorrência inflacionária.



- Este artigo foi cedido à ACREFI, pelo Prof. Istvan Kasznar.
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