TEXTOS QUENTES
005
– IBCI - FATORES DETERMINANTES DO DESENVOLVIMENTO
E O BRASIL
Por
Istvan Kasznar - PhD.
istvan@ibci.com.br
__Um
dos assuntos mais importantes ao tratar-se de Economia
diz respeito ao desenvolvimento econômico nacional.
__É preciso fazer
neste sentido uma distinção entre crescimento,
que corresponde a um incremento ou aumento da produção,
e desenvolvimento, que traz consigo o progresso e
a mudança qualitativa do produto para melhor.
Mediante o desenvolvimento, aumenta-se o bem-estar
e a qualidade de vida de uma população.
__Pode-se crescer pouco,
ou sobre uma base pequena e ruim, sem alcançar-se
patamares anteriores de produto ou que seja parecido
ao de outras nações. Nesse caso, não
ocorre o verdadeiro desenvolvimento. Este acontece
quando se verifica um crescimento acelerado sobre
uma base, uma referência histórica ou
um pico anterior e sobretudo ultrapassam-se os indicadores
de produção dos outros países,
deixando-os para trás.
__Há muitas formas
de se medir o desenvolvimento, sendo comuns o uso
do volume total atingido pelo Produto Interno Bruto
(PIB), a taxa real de crescimento do PIB, a renda
per-capita (dada pelo PIB dividido pela população);
e a taxa real de crescimento do PIB per-capita.
__Cada um destes indicadores
tem suas virtudes e falhas. Por serem simples e diretos,
fornecem uma razoável noção de
dimensão e de porte de renda, o que facilita
a compreensão de elementos da realidade. Por
outro lado, na falta de completude, estes indicadores
necessitam ser bem contextuados, pois podem esconder
a dura realidade que nos cerca.
__Uma das maiores falhas
destes indicadores é que eles podem ser aceitáveis
para um grupo de empresas, ou uma faixa da população,
mas não necessariamente para a grande maioria.
Num país que possui uma péssima distribuição
de renda, concentrada nas mãos de alguns poucos
monopólios e oligopólios, além
de um reduzido conjunto de cidadãos, esses
indicadores perdem em valor e utilidade.
__Por estas razões,
faz bastante sentido afastar-se dos indicadores individuais
e buscar indicadores mais sofisticados, ou ao menos
um pouco mais afeitos à realidade que nos cerca.
Neste sentido, o IDH, ou Índice de Desenvolvimento
Humano, é um progresso de bom senso, na busca
de melhores formas de se avaliar o progresso, o bem-estar
e o desenvolvimento de uma nação.
__Ao associar três
variáveis, o índice de alfabetização,
a expectativa de vida da população e
a renda per-capita média, sente-se melhor o
grau de desenvolvimento alcançado, posto que
quanto mais letrada for a população,
mais renda ela auferirá; quanto maior for a
expectativa de vida, melhores deverão ser e
ter sido as condições higiênicas,
sanitárias e as políticas de saúde;
e quanto maior for a renda per-capita, com algum grau
de equidade ou distribuição socialmente
justa, mais e melhor se poderá consumir e poupar.
__O relevante no IDH
é que ele aporta duas novidades à análise
econômica: mostra com singeleza que desenvolvimento
se mede mediante variáveis combinadas entre
si e que a educação é um fator
preponderante.
De fato, desde os anos 1960 economistas como Solow,
Becker e Johnson enfatizam que o investimento em capital
humano é fundamental, posto que desenvolve
os talentos, aumenta a produtividade e gera a conectividade
e a integração produtivas, nas cadeias
operacionais comunitárias e organizacionais
modernas.
__Bem antes deles, na
década de 1940, o épico e pioneiro pai
da Administração Moderna, Peter Drucker,
já enfatizava que o mais importante fator de
produção era o ser humano, o trabalhador
e o talento empresarial e associado ao saber, nele
contido. Isto viria a cair como uma bomba nos anos
1950, quando o tema esquentou e comprovou-se que investir
em pessoas, mediante o treinamento e a educação
adequados, é uma condição sine-qua-non
do desenvolvimento.
Indicadores
de crescimento mais acelerado, levando ao desenvolvimento.
__Mas, quais são
os principais indicadores efetivos de desenvolvimento
para um país?
Se o Brasil cresceu entre 1945 / 1975 à taxa
real média de 7,6% em seu PIB; entre 1976 /
1990 aproximou-se dos 3,4%; entre 1991 / 2000 caiu
para 3,2% e mais recentemente, entre 2001 e 2004 despencou
para quase 2,3%, pode-se realmente afirmar que ele
está se desenvolvendo?
__No meio de tantas desigualdades
sócio-econômicas, de um desemprego aberto
e crescente no longo prazo e de uma favelização
generalizada e escancarada pelas principais cidades
do país, apenas para citar o que se vê
e impacta de imediato, pode-se afirmar que existe
um desenvolvimento em andamento?
__Certamente que não.
Quando há uns poucos nichos que progridem,
no meio de uma pane e queda no nível de vida
generalizado, ocorre um fenômeno de empobrecimento
casado com proletarização e que cria
como seqüelas a violência, o aumento dos
homicídios, a desesperança e o drástico
corte dos investimentos.
__Na sociedade moderna,
os benefícios gerados pelo progresso tecnológico
alienígena chegam facilmente a todos os cantos
da terra, a preços cadentes e populares. Dispor
de rádio, televisão, CD, geladeira e
fogão são lugar comum para a maioria
dos cidadãos. Eles estão melhor que
as gerações passadas, mas isto não
significa que um país esteja melhorando comparativamente
e em relação a outros povos, tendo gerado
um progresso consentâneo com a capacidade de
uma nação. Em 1980 o Brasil orgulhava-se
em afirmar que era a oitava potência econômica
do mundo, pelo PIB. Em 2004, não passava da
15@ potência. E pelo IDH oscilava entre o 53o
e o 57o posto, entre os anos 2000 e 2004.
__Os verdadeiros indicadores
do desenvolvimento são em resumo aqueles que
mostram sob a ótica econômica: elevados
índices de alfabetização, formação
superior e completude em treinamentos e cursos tanto
teóricos quanto práticos porque elevam
a renda e a empregabilidade; grande proporção
de empresários e executivos talentosos em relação
à população total; elevada capacidade
doméstica e autônoma, nacional, de formar
e manter de modo capitalizado a poupança financeira,
ligada ao sistema produtivo; alto coeficiente de investimentos
privados e públicos em relação
ao PIB; grande facilidade e acesso aos mercados internacionais
de capitais, com captação de recursos
a taxas de juros baixas ou reduzidas remessas de dividendos,
por interesse em reinvestir no país; e quedas
dos preços dos bens e serviços, em função
de grandes economias de escala, progresso tecnológico
próprio crescente e redução do
custo país. Este custo menor é vital
e se associa à concepção de um
estado moderno, enxuto e produtivo, disciplinado e
atuante com uma disciplina fiscal férrea.
__Com o desenvolvimento,
a renda real per-capita da população
eleva-se de fato tanto no curto, quanto no longo prazo;
a poupança cresce e dá ensejo a investimentos
de valor unitário alto, como imóveis,
automóveis e educação superior;
e a demanda por bens e serviços se diversifica,
o que pode incentivar a sofisticação
e a ampliação da malha produtiva agro-industrial
e de serviços.
Condições
essenciais para verificar-se o verdadeiro desenvolvimento
no Brasil.
__Obviamente, medidas
e políticas que incentivem a evolução
positiva dos indicadores do desenvolvimento anteriormente
enumerados, contribuirão a favor do desenvolvimento
do Brasil.
__Mas, seriam elas as
únicas medidas? Certamente que não.
È preciso adotar uma visão e uma concepção
holística, plural e logo multifacetada, para
lidar com os fatores que de fato engendram, catapultam
e mantem em elevado ritmo o crescimento econômico
e que se irradiam no formato do desenvolvimento.
__Neste sentido, carece
o Brasil de uma cultura e de uma atitude espartana,
fervorosamente disciplinada, para atuar a favor do
longo prazo estabilizado e reduzir sua tendência
em atuar tal como Macunaíma e os imediatistas
de plantão. No meio de uma multidão
de honestos, pairam poderosos malandros e desonestos,
para os quais o que importa é ganhar já,
não importam os preços nem as conseqüências
sociais.
__Eis porque, para vingar,
o desenvolvimento precisa ser equipado de pré-condições
de sucesso, para ser blindado em sua rota positiva,
mediante o aporte das seguintes medidas: educação
continuada e reeducação das lideranças,
elites e o corpo diretivo e gerencial da nação;
manutenção do custo-Brasil num patamar
similar ao dos Estados Unidos, para poder concorrer
no mundo; oferecer equidade de condições
educacionais, empresariais, jurídicas, legais,
produtivas e afins, a todos os seus cidadãos;
planejar e acionar de forma integrada a evolução
da sociedade, da política, da administração
empresarial e pública e da economia; manter
o Estado sempre operoso, produtivo e bem dimensionado;
investir em regime permanente em infraestrutura; promover
a tecnocracia pública por mérito e reconhecer
seu verdadeiro valor, ao mesmo tempo combatendo a
burocracia e eliminando a lentidão processual
e operacional que esta pode provocar no sistema produtivo;
combater a corrupção e punir rápida
e exemplarmente aqueles que apresentam desvios de
conduta inadmissíveis, especialmente na gestão
da causa pública; manter a palavra e uma vez
assinados acordos e contratos locais e internacionais,
segui-los à risca para mostrar que a palavra
tem credibilidade; respeitar a propriedade privada,
as conquistas individuais e a vontade justa de acumular
riquezas, segundo as ambições diferenciadas
de cada indivíduo ou comunidade.
__Conforme se pode concluir,
o Brasil fez e está fazendo grandes e evidentes
progressos em múltiplas áreas, para
assegurar o seu crescimento e desenvolvimento. Todavia,
a rota para que cada uma das medidas anteriores seja
atendida e satisfeita em sua plenitude é extensa.
Este é um dever de casa fascinante e grandioso,
que envolve a todos os brasileiros em regime permanente.
Sem dúvidas, ele pode ser satisfeito.
Referente a colocação brasileira
em relação aos demais países
classificados pelo Índice de Desenvolvimento
Humano, em ordem crescente; 100 Concentração
Total de Renda e 0 Distribuição perfeita
da Renda.
Fonte: Relatório de Desenvolvimento Humano
- Racismo, Pobreza e Violência 2005, ONU e IBGE.
Elaboração básica: Indicadores
e Pesquisas - CORECON - SP
Fonte: Relatório de Desenvolvimento Humano
- Racismo, pobreza e violência 2005, ONU
(Em O GLOBO - 19/11/2005)
- Este artigo foi cedido à ACREFI, pelo Prof.
Istvan Kasznar.
- Leia mais na Revista Financeiro, da ACREFI.
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